Autismo - Desconstruindo expectativas


Receber o diagnóstico de autismo de um filho é um momento que pode ser descrito como um verdadeiro divisor de águas para muitas famílias. As expectativas e sonhos que os pais tinham para o futuro são repentinamente colocados sob uma nova perspectiva. Este processo, embora desafiador, também pode ser enriquecedor, levando à desconstrução de crenças e ao renascimento de uma visão mais inclusiva e realista sobre a vida.


O impacto inicial: medo e incerteza

No momento em que o diagnóstico é comunicado, uma avalanche de emoções é desencadeada. O medo do desconhecido, a dúvida sobre o que o futuro reserva e a tristeza por sonhos que parecem desmoronar são comuns. Os pais podem se perguntar: "O que isso significa para o meu filho? Ele será feliz? Terá uma vida independente?" Essas questões, por vezes, levam a uma sensação de perda e luto pelo futuro imaginado e sonhado.


A desconstrução das expectativas

A sociedade frequentemente apresenta uma visão limitada e padronizada sobre o que constitui uma vida bem-sucedida. Os pais, influenciados por essas normas, podem criar expectativas sobre o percurso de vida de seus filhos — desde conquistas acadêmicas até realizações pessoais. Quando o diagnóstico de autismo surge, essas expectativas precisam ser revistas. Um exemplo que já ouvi, foi um pai que precisou repensar o momento em que iria jogar bola com seu filho pequeno.

Esse processo de desconstrução, embora doloroso, pode ser transformador. Ele permite que os pais se desconectem de padrões sociais e passem a enxergar o filho como um indivíduo único, com suas próprias habilidades, interesses e desafios. É uma oportunidade para abraçar a singularidade e valorizar cada pequena conquista.


Aceitação e resiliência

Com o tempo e o suporte adequado, muitos pais chegam a um ponto de aceitação. Esse momento é marcado por uma mudança de perspectiva: em vez de se concentrar nas dificuldades, os pais começam a celebrar as vitórias diárias e as características únicas de seus filhos. As prioridades mudam e vemos os pequenos avanços como grandes conquistas que nos trazem certo grau de felicidade. 

A aceitação não significa desistir de ajudar a criança a superar os desafios, mas sim reconhecê-la como ela é. Isso fortalece os laços familiares e promove um ambiente onde o filho pode se desenvolver de maneira plena.


O papel do suporte

Durante essa jornada, o suporte é essencial. Grupos de apoio, redes sociais e organizações voltadas para o autismo podem ser fontes valiosas de informação e encorajamento. Trocar experiências com outras famílias ajuda a reduzir o isolamento e proporciona uma perspectiva mais positiva.

Além disso, profissionais de saúde, como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos desempenham um papel crucial no desenvolvimento da criança e no empoderamento da família. Eles ajudam os pais a entender melhor o transtorno e a identificar estratégias eficazes para lidar com os desafios diários.


Uma nova visão de sucesso

Ao desconstruir expectativas antigas, muitas famílias descobrem uma nova definição de sucesso, pois ampliam sua visão de vida e de futuro. Pequenos avanços, como estabelecer contato visual, aprender uma nova palavra ou demonstrar interesse por uma atividade, passam a ser comemorados como grandes conquistas.

Essa mudança de perspectiva também abre espaço para um maior entendimento e empatia. Os pais aprendem a enxergar o mundo sob a ótica de seus filhos, valorizando a diversidade e promovendo a inclusão.


O impacto positivo no futuro

Embora a jornada comece com incertezas, muitas famílias relatam que o aprendizado adquirido ao longo do caminho as tornou mais fortes, resilientes e unidas. A experiência de criar um filho com autismo ensina lições valiosas sobre paciência, empatia e amor incondicional.

Por fim, é importante lembrar que cada família tem seu próprio tempo para processar e aceitar o diagnóstico. Não existe uma fórmula mágica, mas, com apoio e informação, é possível construir um futuro onde o filho seja valorizado por quem é, e onde as expectativas sejam substituídas por esperanças genuínas e alcançáveis.

Aceitar nossos filhos como eles são é o primeiro passo para que a sociedade promova a inclusão com novas políticas públicas voltadas a essa forma de ver e sentir o mundo dos autistas.

Mudando nossa visão mudamos nossos comportamentos e dessa forma evoluirmos como comunidade e, principalmente, como pessoas.

Obrigada pela visita e até a proxima.


Daniela.

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